domingo, 8 de novembro de 2009

OS POUPADINHOS DA EUROPA




OS POUPADINHOS DA EUROPA

Cá estou de novo com os meus textos de indignação – já vocês se julgavam livres destas coisas não é? Pena, só lê quem quer... e a mais não é obrigado – De facto, comecei a escrever ontem mas a internet fechou e, como sinto que tudo o que vem, a mal ou a bem, tem uma razão de ser, resignei-me e desisti de o fazer. No entanto, resolvi que hoje, com a cabeça mais fria e o peito mais distante destes assuntos problemáticos do nosso país – sim, já reparei que as notas são estrangeiras mas pá, somos “cidadães do mundo não é assim?” , uma parvoíce à parte para uma conversa que ouvi no telejornal. E o que fui fazer. Claro que os meus habitués leitores vão dizer:
- Mas que manganona e ela que sempre disse que não gosta de ver televisão. É verdade amigos, tenham calma, não gosto mesmo mas, há dias em que tem que ser ou apetece, sei lá bem...
Na verdade, estava eu à conversa com uma amiga que me dizia estar a ver os Ídolos e que estava distraída, sim que as parvoíces também distraem. Como os meus textos (risos). Então peguei no meu portátil e lá fui até à sala ver do que se tratava porque também me farto de estar na net ou, simplesmente ultimamente não tenho tido paciência devido ao corre-corre diário dos afazeres da vida rotineira que muitos de nós, apesar de não gostarmos, temos. Bom, assim que liguei o canal, percebi logo porque continuo a não gostar de ver televisão mas, ri-me... sim, que me desculpem os corajosos que lá vão soltar a voz e, desde já os meus parabéns também porque jamais o faria. Não tenho nem voz, nem carisma para ídolo. Prefiro continuar a brincar nos karaokes ou a soltar-me na minha casa de banho, assim, tenho a desculpa de estar entre amigos a curtir sons que se soltam do peito e nos limpam as mazelas e, na segunda hipótese só chateio o vizinho (risos).

Não foi, de todo, este programa o que mais me indignou, pelo contrário, ri-me que fartei. De tanto fartar resolvi mudar de canal e, depois de brincar ao zapping, que também normalmente detesto fazer mas na altura estava a ser engraçado, parei no telejornal de um outro canal que me vez soltar outros risos. Mais sarcásticos, mais estranhos talvez. Fiquei parva com a grande notícia da noite. Depois de tanto se falar em crise pelas ruas e cintos apertados e tal... vim a saber que é tudo uma grande mentira do povo. Ah! Pois é! Temos um povo mentiroso e poupadinho. Então não é que a locutora disse seriamente olhando para mim – mas aposto que ela estava danadinha para se rir da própria notícia. Disse-me a íris da própria que a não deixou enganar-me: - Os portugueses estão cada vez mais poupados, apesar do Estado gastar mais. - Bom, confesso que ao princípio a segunda parte ficou um pouco longe da minha gargalhada. Tentei imaginar os portugueses os mais poupadinhos da Europa, visto que, segundo a notícia eramos um dos povos mais gastadores, será?... E lembrei-me da Martinha pela rua a fotografar os poupadinhos e nós a pensarmos que eram apenas gente sem recursos financeiros. Andará a Martinha enganada? – Com todo o respeito por ti e pelo teu trabalho amiga que parece que há quem ande a gozar com ele, não concordas comigo? – E pensei... CARAMBA! Afinal andamos todos enganados, a crise que já vem da época do Salazar para cá, não é crise, são precalços do tempo. Alguns abanos de terra, tufões e arrebites do tempo. O povo português é um guloso que só quer gastar e lamentar-se, gritar aos sete ventos que anda sempre em crise. Gente descontrolada é o que é! Como já vi em alguns jornais nas colunas de opinião, a opinarem sobre a actual crise.
Pronto amigos, entrei eu em crise da cabeça aos pés só de me lembrar que tenho amigos com que me dizem ter dívidas, o carro para mandar arranjar, a casa para pagar, o ordenado que não chega, etc, e tal... serão todos mentirosos ou apenas poupadinhos? Eu mesma senti-me mais aliviada porque tenho sentido os reflexos da crise e a tentar puxar de um lado ou de outro para manter a gestão económica da família no caminho certo para poder dar-me ao luxo de me soltar de quando em vez e agarrar-me à cauda de um avião para ir à terra – caraças, ultimamente não tem passado aviões aqui perto de casa – e afinal ando a mentir-me a mim própria só para poder fazer umas poupanças bancárias (risos). Resolvi procurar nas gavetas e nada de papéis a comprovar essas poupanças tão proclamadas naquele écran milagroso que me fez sentir mais leve. Depois pensei, bom acho que são afinal os amigalhaços que andam a gozar com a minha cara quando dizem que não podem ir a tal sítio porque não há dinheiro pa gasolina ou porque o dinheiro do ordenado não chegou porque o desgraçado do patrão diz que anda em crise. Como é que sabendo o que sei que se passa a nível geral posso imaginar os portugueses a poupar cada vez mais. Melhor... como posso imaginar que os reformados andam a investir nos depósitos a prazo? Os meus neurónios já andavam a ficar fundidos de tanto pensar. Sabem como é... sou teimosa... presistente, chamem o que quiserem mas, se há coisas que não gosto é de me sentir enganada e foi quando resolvi começar a escrever mas algo fez a internet fechar porque o telejornal ainda não tinha terminado e, lá resolvi ver e ouvir o resto. No entanto, a poupança não me saía da cabeça quando... finalmente soou-me de longe o resto da frase “... e o Estado anda a gastar mais. Mas tem que aprender com o povo a saber poupar.” Ficou mesmo tudo estragado e dei um salto no sofá. FÓNIX! Como é que pode ser? Então quem anda a fazer tantas poupanças para dar de gastar ao Estado desta forma? Acho que vou aproveitar o Halloween e levar isto numa brincadeira assustadora do noticiário. Ri-me, disse atrocidades, falei com o meu gato, cantei, falei com a Márcia que entretanto se tinha ausentado a pensar nas suas poupanças. – se leste isto deves estar doida de risos... desculpa amiga, ter-te usado desta maneira. Mas, lembrei-me também das minhas poupanças e fiquei revoltada... ora bolas! Mas continuo eu a saber de que poupanças estariam eles a falar... ou gozam comigo ou a malta que anda na rua com um ar esfarrapado, anda a fazer poupanças para um futuro que não consigo imaginar qual, e resolveu dar uma “frescura” na sua rotina e passear por aí a contemplar o País. É pá deviam de andar todos de máquina na mão, talvez fosse mais interessante. Disse isto porque me lembrei de ler algures que o nosso ilustre António Cardoso disse que o fotógrafo é um vadio. – Isto sem desprimor para o fotógrafo em questão e, apenas usando uma achega metafórica – Pois, se calhar é isso... são todos fotógrafos e os gajos do Estado andam a chamá-los vadios e querem é colocá-los em local apropriado para que lhes encham os bolsos com os impostos. Não há volta a dar a não ser que a malta toda tenha família na Inglaterra a ganhar o guito todo e a mandar para o pessoal colocar na poupança, anda aí muita informação escondida. Se a rainha sabe disso manda deportar todos os portugueses (risos).
Sabem do que me deu vontade? De meter-me em Belém... sim, a culpa deste pensamento foi de um comentário do amigo (risos)... porque lá é que se gasta bem e afinal os economistas andam todos cá fora. Que fazem estes especialistas fora dos seus postos? Ora que vão lá ensinar o Estado a poupar pá que nós já estamos fartos de tantas poupanças. Eu gosto de viver o presente. Claro que penso no futuro para amanhã não cair num abismo porque sei que o futuro chegará e depois será presente e cá andamos nesta roda viva recordado depois o que já é passado. Ai que já me troquei todinha...lolol. Comecei a fazer contas para ver... pois só nos cartazes para as eleições é um balúrdio, metade para os bolsos nem sei de que poupanças... depois os gastos dos pneus, arranjos de carros em desgaste pelo país – sim que isto de fazer “apresentações públicas” e promessas a tanta gente dá muitos gastos, fora depois as viagens que são obrigados a fazer em nome da diplomacia e da boa vizinhança. É pá... temos mesmo que poupar para que aquela gente nos possa representar bem lá fora. Mas depois pensei:
-Puxa! Como podem representar-nos bem, sabendo que houve tanta abstenção? Ah! Claro, isto é como no futebol, o que interessa é ganhar e, é sempre bom deixar a abstenção descansadinha e poupá-la para outras eleições caso seja necessário. Bom, sendo assim, temos muito poupadinhos mesmo que deixam alguns gastadores decidirem o futuro do país... afinal sabem lá se amanhã irão cá estar? Depois revoltei-me comigo própria... sim... porque faço parte dos poupadinhos... pá não me abstenho de muita coisa na vida mas como posso eu abster-me de levar os meus putos à Disney para que o Estado possa gastar mais? Fogo! Tenho mesmo que averiguar se tenho dinheiro no banco e tirá-lo todo... se é que já não mo tiraram (galhofada da grossa).

Com os fusíveis em ebulição lá resolvi ir descontrair para a net e fui ouvir umas coisitas no “utubias” como lhe chamo na brincadeira e todos já sabem o que é de certeza. Pois é. Dei comigo envergonhada com uma atitude que lá tive há uns tempos atrás. Infelizmente, em vez de descontrair, sem querer accionei um vídeo onde a Maité Proença fazia umas graçolas sobre Portugal e os portugueses e, li a minha resposta de indignação. Foi tamanha a vergonha que já o esqueci mas, não me esqueço de referir o caso. Sim, Maité é uma atriz que aquando da minha adolescência gostava muito de ver actuar, entre outros que me faziam passar algumas horas em que não sabia bem o que fazer ou, teria que esperar os amigos para sair. Tempos idos mas muito bonitos. Por respeito a esses tempos vou continuar a escrever... já não me lembro muito bem o teor da minha indignação no momento, sei que foi sentida e revelou alguma mácula do meu orgulho em ser portuguesa. Hoje reli, alguns e senti uma tristeza. Pois é amigos, podem bater-me achincalhar-me, fazerem o que quiserem mas não era caso para dizer a maioria das coisas que li em tantos comentários revoltosos. Na verdade, mostramos mesmo que somos portugueses e que temos muito carinho pela actriz em questão ou, caso contrário, nem lhe teriamos dado qualquer palavrita no “utubias” ou seja onde fosse. A pobre da rapariga bebeu um “binhinho do Puorto” a mais e comeu uns pasteizinhos de Belém à conta das nossas poupanças e pá lá deixou sair o oposto do que era hábito dizer sempre que cá chegava e saía: - Eu amo Portugal. Amo os Portugueses. Somos povo irmão. – Na verdade todos os portugueses se sentiram ultrajados, eu própria reagi. Por isso ontem resolvi dormir primeiro para poder escrever de longe de tudo. Bom, já vi muito bom português a brincar com coisas brasileiras e pior, a gozar – não como os brasileiros o conotam, este é um gozo diferente...será?! Desculpem amigos. – do seu próprio país. Depois pensei, fónix... vê-se tanto xabrega por aí a dizer que Espanha é que está a dar que os portugueses são uns merdas sem educação nenhuma... que na Holanda é que é tudo como deve de ser... que deviamos seguir o exemplo do resto da Europa e tal. Digam-me lá! Isto não parece aquela saga da nossa amiga Mafalda da banda desenhada, onde ela dizia mal dela própria com todos os nomes que pudesse e, na altura que a amiga se aproveitou para lhe chamar burra, levou logo um estalo? Visto de longe parece-me bem e lá me vou rindo de novo. O grande erro da maioria dos comentários não é a indignação pelo que disse ou brincou a Maité mas o facto de se posicionarem no facto dela ser brasileira e aproveitarem para atacar os que cá vivem. Se bem me lembro, tenho alguns tios no Brasil e muitos primos que já nasceram por lá e, julgo que devo ter algum respeito por eles e por outros portugueses que por lá proliferam. Desta forma como encararia eu o facto se um deles mandasse uma daquelas anedotas à moda do Alentejo mas incluindo a cultura brasileira e, por essa razão, todos os outros fossem atacados, achariam bem? Eu não... por isso e depois de pensar e, apesar do meu comentário apenas se ter referido à Actriz, penso eu... já nem me lembro bem mas acho que ficou à vista de todos. Sim, reconheço que não gostei da forma como foi expressa toda a brincadeira mas, depois lembrei-me das que faço ou já fiz entre amigos. Das que vejo outros fazerem também e já só posso dizer que é provocativa apenas porque vem de uma figura pública que, apesar de tudo foi sempre acarinhada pelo nosso povo. No entanto, não me quero esquecer que todos nós somos humanos e caímos nas nossas próprias ciladas humorísticas que os outros nem acham muita piada. Eu própria corro muitos riscos destes, apenas com uma vantagem, não sou figura pública e não me é imposto esse cuidado redobrado. Mas acreditem que em relação ao assunto vi outros vídeos ainda mais vergonhosos que pareciam uma guerra aberta de xenofobia e até mete dó ver tanta porcaria exposta naquele site. Bom, uma ilacção tirei, é assim que se começa uma guerra mundial, da forma mais estúpida que podemos verificar se entrarmos no “utubias” e pesquisarmos o nome da actriz. Só vemos respostas e contra-respostas em vídeo que mais valia ficarem quietinhos porque em vez de se mostrarem à altura da sua condição ainda enterraram mais o que pretendem defender, a nossa cultura. E porquê? Vejam tudo com atenção se tiverem tempo para tanta porcaria e verão que entre vídeos e comentários pouquíssimos dizem uma para a caixa. E porque não estou por lá? É simples, resolvi que não meteria o meu nome no meio de tanta porcaria... ainda tentei, juro que tentei mas... era demais ver tanta coisa ridícula e ficar mal acompanhada. Acho que se devia pensar melhor antes de fazer aquele tipo de coisas. Pois ok, sei que corro o risco de irem à minha página e gritar que “aquela porcaria é que não tem qualidade” pelo menos tenho a consciência que não ofendo ninguém nem estimulo guerras culturais ou xenofobias e aí sim, durmo feliz.

Bom, visto que somos “poupadinhos da Europa” vamos lá poupar tanto desgaste e, separar o trigo do joio e não cruxifiquem a maioria pela minoria, caso contrário seria uma desgraça pegada neste nosso mundo já com tanta coisa para chorarmos que até nos faz rir de tanto pensar.

Ainda estou a pensar onde andam as minhas poupanças....(risos) E vocês, não?!

Luísa Abreu





Nenhum comentário:

Postar um comentário