Hoje, dia 25 de Maio, um dia especial para mim, "calhou" dar de cara com estes dois vídeos, um pouco, digamos que, desanimadores mas, vendo por outro lado, uma boa forma de lembrar que mais vale prevenir do que remediar.
Normalmente, ninguém pensar ou espera sequer alimentar no seu espírito que haja uma tragédia que venha tirar a sua paz, ou a de outros... no entanto, tal como os dias felizes, os outros também existem. Por este motivo, considerei importante revelar aqui estes vídeos para que haja que queira ver a realidade de frente, sem ter necessidade de se atirar do precipício mas, sim, prevenir-se contra eles.
Viver é um risco, todos os dias mas é algo maravilhoso. Como é fantástico o desejo de descobrir e abrir novos horizontes na nossa vida. É lindo quando, pela primeira vez os nossos pais nos deixam sair com os amigos ou em excursões, escolares ou desportivas...
Sentimo-nos mais independentes, confiantes...sentimos que eles também confiam em nós e, que somos capazes de fazer seja o que fôr. O facto dos pais nos abrirem essas portas, traz-nos confiança neles como nossos exemplos ou conselheiros de vida. Aconteceu comigo, por isso o sei. Mas, também sei que o facto de existirem pais que amarram os filhos junto a si porque gritam aos sete ventos
que é perigoso acordar no planeta terra mas não explicam porquê, rodeando os filhos de medos infundados e de desejos de extravasar ao seu primeiro descuido. Quantos jovens, se sentem injustiçadamente refreados na sua necessidade de explorar e conhecer o mundo? Quantas vidas presas se perdem depois porque não têm chance de se descobrir? Quantos pais nunca tiveram sequer essa chance?
A verdade é que é bom saber soltar, mostrando que nos jardins da vida há locais fantásticos para brincar e explorar mas, também há lugares que, por muito atraentes que possam parecer, pelo seu mistério, pelos seus falsos perfumes, ou facilidades de percurso, escondem, na maioria, grandes armadilhas de que todos podemos ser prevenidos. Sim, é natural que se deixe um filho crescer, que se deixe
força nas suas próprias asas para que possa esvoaçar por esse mundo fora mas, o dever de pais, ao contrário de castrar - comprando coisas caras para colmatar alguns não infundamentados - é de explicar que, nesses locais pode existir um buraco feito de propósito ou não, que se podem encontrar pessoas que se dizem nossas amigas mas que chegam com intenções de má índole. O melhor seria explicar
Que é bom nadar em águas calmas também mas, saber que algumas correntes fracas podem esconder perigos. É bom experimentar coisas radicais, formais, informais, mas saber que todas elas têm dois lados, aquele em que escapamos ilesos e nos sentimos conquistadores e, aqueles onde nos tornamos as presas e, sentimos o mundo desabar, ou nem sentimos nada porque nem houve tempo.
Por isso é bom aprender que atravessar a estrada da vida é bom, se for na passadeira melhor ainda mas existem riscos na mesma e, que mesmo nas passadeiras podem aparecer carros que não as respeitem, assim como podem aparecer pessoas que não nos respeitem. O importante é aprender que existem valores de vida que devemos transportar connosco. É importante cultivarmos e cativarmos a nossa própria
Auto-estima em qualquer momento e aprender a lidar com todos os momentos tirando daí as melhores lições possíveis. Fazer de filho rebelde é muito fácil, porque se sabe que qualquer coisa temos as costas quentes, mas há quem as não tenha e aprenda da pior maneira. Mas também há os bons filhos, cujos pais, às vezes apenas por esquecimento da prevenção, sofrem a falta de informação sobre este ou aquele assunto.
Quantas vezes uma simples diversão nos pode levar a caminhos sem retorno? Quantas vezes um acto inconsequente nos pode trazer consequências desagradáveis? Quantas vezes os pais e os filhos falam sobre esses factores? É importante para todos que se estimule o diálogo familiar, que se contem peripécias da nossa meninice - sei que muitos se recusam porque fizeram muita borrada - mas, mesmo assim, não
é necessário contar tudo, o especial é mostrar aos filhos que todos já os fomos e já sentimos na pele todos aqueles porquês, aquelas rebeldias, aquelas sentidas injustiças e, muitos de nós nem tinhmos quem nos explicasse os porquês. É importante fazer ver que todos somos humanos, todos temos defeitos e virtudes, todos erramos e aprendemos ou não com os nossos actos. Que estes actos, na maioria das vezes e,
são tidos de uma forma irreverente e revoltada com intenção de magoar os pais - e claro que os magoará sempre - mas o tempo mostrará que os maiores prejudicados somos sempre nós se, não pensarmos que todas as decisões têm dois lados consequentes a assumir, quer se queira, quer não.
Hoje, que é um dia especial para mim, porque faço aniversário, quero partilhar algo mais convosco:
Como toda a gente também já fui menina, sequiosa de aprender e descobrir os meus caminhos. Gostava de desbravar perigos - considerados para a altura, claro - gostava de ir sempre mais além e saber das coisas. Entender o porquê das estrelas lá estarem, do sol nos aquecer, da lua-cheia trazer tanta magia, de haver pessoas que sentissem prazer em magoar os outros e, porque a noite poderia ser mágica ou assustadora,
o dia poderia ser luminoso ou choroso. Lembro-me de ter ido brincar com os meus irmãos e uns amigos meus para a casa de um amigo nosso chamado Nilton. A casa dele era enorme. Tinha no quintal duas piscinas, umas pas pessoas e, outra cercada com ferros para jacarés bebés que o pai trazia não sabiamos de onde mas gostavamos de ver. Ali permaneciam até poderem regressar ao seu habitat. Para nós já era normal
vê-los por ali ou metermo-nos com eles, do lado de cá da rede, claro está. A mãe do Nilton tinha um papagaio lindíssimo - em África, dizia-se Jacóp - e por quem eu sentia uma enorme atracção. Tinha sempre um desejo enorme de o apanhar e dar-lhe festinhas.
Naquele dia, nós tinhamos decidido ir brincar para o terraço o terraço era enorme. Estava protegido por umas grades de ferro até a altura certa para que as crianças não caíssem por algum descuido. Depois, haviam umas pequenas partes declinadas com pedras redondas encrastadas, o que lhe dava uma beleza natural. Ora o Jacop nesse dia parecia provocar-me. Estava a brincar por lá e ele aparecia-me entre os
pés e desatava a fugir numa corrida miudinha. Ele passou para o lado do varadim e fitou-me nos olhos. Senti-me desafiada e decidi que não iria deixar-me derrotar. Pensando isso, saltei o varandim e decidi agarrar-me com toda a força a uma das barras. Agachei-me e estiquei-me para o apanhar. O danado resolveu afastar-se um pouco mais. Para o alcançar e, estiquei-me tudo o que pude, tomando a precaução de
sentir-me bem presa e segura. No entanto, este resolveu mostrar que já era capaz de voar e lá foi. Fiquei estupefacta com o sucedido e com uma certa admiração pela esperteza da ave mas, no instante seguinte, olhei em volta e, para baixo para ver a distância dali ao chão e tive vertigens. Perdesse os sentidos e, acordasse horas mais tarde no chão, no meio de choros de desesperos dos meus irmãos e amigos. Doí-me a cabeça e o circundar desesperado deles, tal como os choros fez-me lembrar os índios - nunca soube porquê - com a pouca força que me restava pedi para chamarem alguém adulto, a mãe do Nilton talvez e,
perdi de novo os sentidos. Quando voltei a acordar já estava no colo dela com a minha a mãe a chorar e a querer agarrar-me em desespero e, lembro-me de lhe dizer para se acalmar que eu estava bem, perdendo de novo os sentidos.
Quando voltei a acordar lá estava eu na Clínica D. João II de Luanda onde, outras peripécias me aconteceram.
Anos mais tarde, primeira vez que saí até muito tarde tinha quinze anos. Saí com autorização da minha mãe porque ia para uma festa no clube onde era jogadora, tinha a recomendação de chegar à meia-noite e a palavra do meu treinador de que me traria. O facto é que a festa estava agradável, sem grandes dilemas ou cores desagradáveis.
O tempo passou o limite e pensei que já estava o caldo entornado e, claro está, sabia de ante-mão que iria haver um castigo. Então, resolvi assumir até ao fim e, responsabilizei-me perante o treinador sobre o que sofreria porque castigo por castigo o mais certo era adiá-lo. Eram seis da manhã quando cheguei a casa. O meu coração batia, numa explosão de medo mas satisfeito com tudo o que tinha vivido, aquela seria a paga
pela diversão. Mas ao chegar e, pensando já ter ultrapassado todos os obstáculos, apareceu a minha mãe que me disse fixamente:
- Uma coisa, nesta vida é certa, se boa cama fizeres, nela te deitarás. Agora vai dormir e pensa no que andas a fazer e que tudo o que semeares hoje, colherás amanhã, sem gravo nem agrado. Virou-me costas e foi-se embora. Aquelas palavras tomaram conta do meu corpo, eram quase a minha respiração. Não era o que esperava ter acontecido. Durante algum tempo aquelas palavras
acompanharam-me. Depressa descobri que eu poderia tornar a minha vida mais ou menos agradável com as minha actitudes ou decisões. Fui sempre grata pela sua atitude naquele dia.
Isto apenas para dizer que o PERIGO às vezes está onde menos se espera. MAIS VALE MESMO PREVENIR DO QUE REMEDIAR!
Luisa Abreu
25/05/09
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