sábado, 14 de março de 2009

A HOMOSSEXUALIDADE NÃO É NORMAL?!





















A HOMOSSEXUALIDADE NÃO É NORMAL?!


18 de Fevereiro de 2009. Nascia um dia radioso de sol, as canções bailavam no meu peito e, mil pensamentos me iam deixando divagar enquanto conduzia até ao trabalho. Chegada ao local, deparei-me com uma notícia que estava de chapa no site sapo, para quem a quisesse ler. Minutos depois a Rádio já comentava e deixava que as palavras completassem o que tinha lido. A notícia intitulava-se A homossexualidade não é normal, isto dito pela boca do cardeal D. José Saraiva Martins que, até defendeu que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não permitia às crianças ter uma educação normal.

O primeiro impacto foi de revolta, inquietude, admiração por ter sido algo dito por alguém de alguma senão total influência no meio religioso, na sociedade e, não só. Isto, só por si, já merecia que o cardeal pensasse um pouco mais antes de falar, fosse o que fosse sobre a questão e antes de mais, reflectisse sobre o mundo de uma forma geral. Comecei a escrever ciente de que tentaria dar o meu melhor para fazer com que as pessoas entendessem de uma vez por todas as diferenças que fazem parte e completam o nosso mundo. Bom, na verdade desisti... já é tempo, após séculos de lutas e conquistas, de acabarmos com tanta descriminação e subjugação dos valores humanos. Posteriormente pensei nos meus filhos, nos vossos filhos, nos meus irmãos, nas vossas irmãs, amigos, amigas e por aí em diante...claro está, que resolvi pesquisar um pouco mais para que não caísse numa encruzilhada desconhecida.

Mais tarde resolvi fazer diferente. Para quê investigar? Para quê justificar, se o mundo não quer entender? Então, resolvi por bem deixar apenas que cada uma das pessoas que lessem o meu texto pensassem e reflectissem, na realidade, sobre questões inerentes ao nosso dia-a-dia.

Alguém destaca-se por poder, conhecimento e posição social e, resolve dizer que a homossexualidade não é normal. Resolvi colocar todos os seres encaixotados no meu cérebro e, encaixotar valores, dilemas, questões próprias do ser humano... Optei por transcrever o que borbulha na minha cabeça e na cabeça de muitos mas, que a maioria prefere calar ou nem sequer comentar, cá para fora. Esta coisa do ser normal dá muito que pensar por isso...Quero colocar-vos algumas questões:

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A homossexualidade é um problema genético? Um problema cultural? Um problema recente no mundo? Será mesmo um problema? Para quem?

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Ser heterossexual é normal? Quem o definiu? Com que critérios? Se de uma mulher e um homem podem ser gerados filhos que não sejam heterossexuais que fazer? Queimá-los como se fazia antigamente? Jogá-los em vagões de gás?

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Ser bissexual é moda? É um defeito genético? É uma decomposição de moléculas? Porque existem pessoas que se definem como “normais” e, que depois procuram no sussurro da noite uma terceira pessoa para entrar na sua cama?

A monogamia é normal? A bigamia é normal? A poligamia é normal? Se não juntemos todos às deficiencias motoras, visuais, auditivas e, outras, encaixotemos tudo e mandemos para a via láctea. Quem ficará cá? Talvez o cardeal... talvez??? Ou talvez não...

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O casamento será assim tão importante para a raça humana? Porquê? Para quê? Como aliança? Como sentimento de posse? Como alienação? Então se é, porquê o aumento do número dos divórcios?

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A procriação é algo acima de todos os valores humanos? Onde fica o sexo? Onde cabe o amor? Em que valores se baseiam todos os conceitos criados pelo Homem?

- Quem faz um filho, fá-lo por gosto...alguém cantou há uns anos atrás – a Grande Simone, claro! Concordo plenamente. Senão, se for apenas por dever social. Se esse valor bastar. Porque se abandonam filhos? Porque se matam crianças?
Porque se violentam crianças? Porque se mata o futuro com preconceitos tão violentos como a frase, A homossexualidade não é normal, ou se diz não ao uso do preservativo para que se continue a procriar a raça humana? Será que uma criança não nos merece mais respeito que isto? Não merece ser amada, acarinhada e encaminhada na sua vida? Quem tem mais direito de o fazer? O Pai? A mãe? Os dois? O abandono? A violação? O tráfico de menores? O uso e abuso das suas fragilidades? Quem deve decidir se devemos ou não ter filhos? Nós? O estado? A igreja? A política?

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Até hoje poderemos dizer que será melhor deixar uma criança ao abandono do que adoptá-la? Que critérios se usam para a adopção no nosso País e nos outros? Só os casais – homem e mulher – podem criar e educar crianças? Então porque os abandonam? O que priva alguém de acarinhar a infância? O facto de não ser casado/a? O facto de ser ou não ser gay? O facto de ser homem ou mulher? E a história do Lobo e o Menino que ouvimos na nossa infância, lembram-se? Sim, a mim contaram-na e, no seu resumo apenas se via um menino perdido cuja loba acarinhou amamentou e criou com o maior dos carinhos? Se a minha gata pode sozinha amamentar dois filhotes de cães, porque se continua a descriminar, disfarçadamente o facto de existirem mães solteiras? Pior, porque é mais provocativo se for opção da mulher? Porque a sociedade tem mais carinho pelas mulheres que são abandonadas pelos homens? Porque se acusam mulheres e homens de tomarem decisões que só dizem respeito às suas vidas? O que é o socialmente correcto? Será o mesmo que ser normal? E o que é a normalidade?

Após todas estas questões soltarem-se espontaneamente do meu peito, olhei os meus filhos a dormir e, prometi a mim mesma amá-los sempre, fossem quais fossem as pisadas que dariam no seu futuro. A minha presença na vida deles é tão somente de protecção, encaminhamento e esclarecimento, jamais a castração ou a imposição de algo que os acorrente à infelicidade de não saber ser. Proteger, não é colocar uma redoma de vidro nas crianças. É explicar-lhes o mundo e, fazê-las acreditar por actos que vale a pena acreditar no futuro, vale a pena dar uma chance à humanidade, à paz, à igualdade de direitos e, ao amor. Vale sempre a pena, caro leitor. Vale a pena acreditar no amor, tenha ele a cor que tiver, tenha ele a forma que tiver... vale a pena dizer que a vida é válida em todos os sentidos. Viver e saber deixar viver não é uma ilusão...é apenas uma opção. Essa sim, uma opção que se pode ou não tomar, pensando sempre que, seja qual for o caminho a seguir, traz sempre consequências a acarretar. Mas, pelos próprios não para outros, quando cai ou recai em cima de outros é injusto. Digo isto porque se eu assumir um sim ou um não, sou responsável por esse acto nas boas ou más consequências que me possam trazer.

As voltas que o mundo dá ou deu é descomunal. Primeiro criaram-se regras para aprisionar e meter medo à mulher, às diferentes raças, às crianças e, a tantas outras diferenças. O mundo abriu os seus caminhos e, a mulher que antes não podia votar já vota, pensaram já porquê? Por respeito a ela como ser humano, ou porque os políticos viram-se a mãos sem poder de voto, visto que os homens eram mandados para a guerra? E os seres humanos libertados da escravatura, porquê? Já pensaram? As prostitutas metidas num local próprio e depois deslocadas para a liberdade de estar? Estarão estes valores já todos assegurados? Porque se continua a fazer tráfico de seres humanos? Porque se continua a sangrar países? Porque se continuam a violar vidas.
Porque se castram vontades? Porque se amarram ideologias? Porque se finge? Porque se alimenta a hipocrisia e o cinismo, a falsidade? Como é bom ser normal...saber o que é ser normal.

MEUS SENHORES ISTO É A NORMALIDADE? Se é, EU NÃO SOU NORMAL! E VOCÊS SERÃO TODOS NORMAIS?!

Luisa Abreu
23/02/09

http://www.youtube.com/watch?v=kxjQ2m_VQTE

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